quarta-feira, 17 de junho de 2009

GEIRA ROMANA - Via Nova


A VIA NOVA, em especial o traçado entre o lugar de Via Cova, Amares e Baños de Rio Caldo, Lóbios, constitui um monumento excepcional, um património científico, cultural, pedagógico e turístico único.
A possibilidade de percorrer o caminho romano, ao longo de quilómetros, quase sem interrupções, os extensos troços de calçada, a quantidade invulgar de miliários, as ruínas de pontes sobre rios caudalosos, as pedreiras de onde se extraíam os miliários, a visibilidade da via para a envolvente, o contexto paisagístico em que se insere, formam um recurso notável.
A quantidade de miliários concentrados neste tramo da VIA NOVA, sem paralelo noutras áreas do Império Romano, a floresta que os envolve, suscitam uma magia extraordinária, resumida por uma arqueóloga italiana, da Universidade de La Sapienza de Roma, numa feliz expressão: “Foresta di Migliari”.
Como a Confraria Trotamontes tem somente em projecto provas "mágicas", esta será a magia que tentaremos em parceria com o .COM dar aos atletas que amam a pratica da corrida em plena Natureza.

Os miliários eram marcos colocados na margem das principais vias romanas, a cada mil passos (o que corresponde a 1480 metros).
Indicavam a distância à cidade de origem do caminho. Para além da distancia, era também gravado, em cada miliário, o nome do imperador reinante, que mandou construir a estrada ou recuperá-la. A forma destes padrões graniticos é geralmente de secção cilindrica, possuindo dimensões diversas, que rondavam, em média, os 1,70 metros de altura e 1,27 metros de perímetro.
De uma maneira geral, os miliários do século IV são mais pequenos e têm menor diâmetro que os mais antigos, ostentando inscrições quase sempre de medíocre qualidade. A altura dos miliários permitia que as informações nelas inseridas pudessem ser lidas a pé, a cavalo ou mesmo de carro, sem que para isso fosse necessário abrandar a marcha.
Os miliários eram implantados nas principais vias do império, sabendo-se, presentemente, que boa parte deles não se encontra in situ, tendo sido removidos para imediações, ou para outros locais mais distantes.

A Via Nova Romana estende-se, quase sempre à mesma cota, ao longo dos contrafortes setentrionais da Serra de Santa Isabel. Desconhecemos se já na época romana o traçado da Geira foi utilizado, expressamente, com essa finalidade, mas é um facto que hoje separa o agger do saltus, nas milhas que correm entre Santa Cruz e Covide. Para o topo estendem-se, as terras de pasto, em que os matos são periodicamente aproveitados, e o coberto vegetal, renovado pelas queimadas. Logo abaixo da Geira fica a meia encosta coberta com bouças de pinheiros e castanheiros. Em redor dos aglomerados, no último terço das vertentes e no vale, ficam as terras de cultivo, distribuídas em socalcos. Nestes campos cultivam-se, actualmente, produtos hortícolas e o milho maïs. Outrora, antes da introdução do milho maïs, o milho miúdo e o linho.

A maior parte das aldeias fica entre a Geira e o vale, embora existam, também, núcleos populacionais mais encaixados na montanha. No concelho de Terras de Bouro a população distingue entre os de cima e os de baixo, conforme a posição da aldeia relativamente à Geira.

Em Covide a Via Nova Romana atravessa uma extensa Veiga, separada em duas unidades pelo próprio lugar. De Covide o caminho romano sobe ligeiramente até à Veiga de S. João do Campo, quase plana, que atravessa no sentido nordeste, até alcançar de novo o Vale do Rio Homem. Para cima de Campos de Gerês, entre as milhas XXIX e XXXIV, a Geira, corre ao longo do Vale do Homem, encostada aos contrafortes ocidentais da Serra do Gerês. Do lado oposto erguem-se as vertentes escalavradas da Serra Amarela. Neste trajecto a VIA NOVA é envolvida pela Mata da Albergaria, floresta em que predomina o quercus robur, associado ao azevinho.

Da Portela do Homem desce até ao Lima pelo vale rectilíneo do Rio Caldo, de origem tectónica.

1 comentário:

BritoRunner disse...

Olá Fernando

Só agora tive conhecimento do seu blog, os meus parabéns pelo que vejo o Fernando é um Ultra a sério e já com um vasto curriculo.

Penso que na prova estivemos juntos depois do abastecimento do Museu da Geira e a Barragem de Vilarinho das Furnas.

Continuação de boas corridas.

JCBrito